sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Maria Preta 1925, a Fulgurante defesa “Parte V” final.


       Como escrevemos durante toda a semana chegou a vez da ultima postagem e é a hora de encerrar esta serie; algumas perguntas ficaram sem respostas, como quantos foram os legalistas que tombaram neste combate. Porem o que importa foram as descobertas que tivemos ao longo desta semana.


       Tudo que sabíamos era o que estava escrito nos livros de Lourenço Moreira Lima, Domingos Meireles e João Silva este ultimo que inclusive combateu aqui no município. Porem ao conversarmos com o Sr. Geraldo Cella muitas duvidas foram sanadas e percebemos que tudo ainda era real, espaços físicos ainda existiam, foi uma grande alegria descobrir o tumulo do Tenente Ustra de Uruguaiana, alem de é claro achar a ferradura nas trincheiras; tudo isso teve grande ajuda do Sr Cella e sua família, sem eles tais descobertas não seriam possíveis.

       Os pinheiros destaque na postagem de ontem foi outra historia muito interessante que aqui pudemos contar; 


       Sem mais milongas gostaria de fazer as considerações finais deste trabalho: O combate de Maria Preta é hoje uma pagina esquecida na historia do Brasil, a falta de consciência dos órgãos responsáveis de nosso município e região, deixaram toda esta historia no esquecimento.

       Fizemos este trabalho praticamente sem condição alguma, com um velho gravador e uma câmera fotográfica, com 5 reais que abasteci uma velha moto fui até a casa do Sr. Geraldo para entrevistalo; as nossas condições de fazer o trabalho que estamos fazendo é quase as mesmas dos locais que estudamos, enquanto ouvimos políticos falarem na radio que estão investindo fortemente no resgate histórico do município, vemos um dos maiores locais históricos completamente abandonado. Enquanto vemos milhões serem investidos e anunciados para o município, vemos a cultura e nossa historia abandonada, aqui não faço apologia e nem estou do lado de político algum, este apenas é um comentário de quem vê as coisas no completo abandono.

       Outra questão que é importantíssima relembrar são os heróis que lutaram esta revolução, tanto legalistas como revolucionários, não existe progresso sem luta, e esta revolução foi importantíssima para termos o Brasil que temos hoje.

      Neste contexto do ultimo parágrafo, aqui se faz justa uma homenagem, podemos com franqueza afirmar que o maior nome nesta revolução aqui em Dionísio Cerqueira, foi Cordeiro de Farias...
O celebre Cordeiro de Farias, fonte internet.

...o seu batalhão foi conquistador de feitos grandiosos, e muitas vezes seu nome desaparece por que Prestes, teria ficado com todas as glorias, mas que hoje sabemos não foi bem assim, já que o responsável pela defesa de Maria Preta foi ele Cordeiro; o Prestes também teve sua participação ao longo de toda a marcha, mas ele foi mais um no meio de tantos que merecem destaque. Gostaria aqui de exaltar o nome de Miguel Costa grande comandante da revolução...

Miguel Costa o grande comandante, fonte internet.

...que não pode de jeito nenhum ter seu nome apagado da historia ou ser menos mencionado nesta revolução do que Prestes, já que foi o grande comandante da coluna paulista, e todos sabemos que se a revolução não estourasse em São Paulo aqui no Sul não existiria essa marcha. 

       Vi a 30m da rodovia aquele local no profundo silencio, que nem sequer desperta a curiosidade de quem passa por ali, nem uma placa, um sinal, nada para contar sua historia, o tempo se encarregou de reduzir suas lendas...

Imagem ilustrativas de trincheiras, retirado da internet.

...as trincheiras sumiram pela ação do tempo, a fenda se nivelou ao solo, e ali quantos mortos repousam sem um digno enterro, ou uma missera homenagem, o sangue daqueles combates não existe mais; porem mesmo com o passar dos tempos a lenda que fica daquele combate de Maria Preta é muito maior do que aquelas trincheiras abandonadas, e na memória do povo dia após dia serão contados os mortos as dezenas, trincheiras cobertas de sangue, enquanto isso ali embaixo daquela plantação e depois da próxima que vira, perpetuara aqueles soldados e seus pertences, glorificados ao menos na memória popular; pelo menos isso... 

       Após este combate os revolucionarios subiram a serra de Maria Preta e ao chegar em Separação fugiram, deixando as duas tropas legalistas de Claudino Nunes e Paim Filho frente a frente, onde ocorreu o famoso combate de fogo amigo, que tantas vezes aqui já mencionamos;

       Fim?

3 comentários:

  1. Muito bom... gostei. Surpreendeu-me saber que foi Cordeiro de Faria o responsável pela manobra que colocou as duas colunas legalistas frente a frente, em combate. É um dado desconhecido para muita gente, certamente despertará nos futuros pesquisadores, curiosidade para esclarecer mais um episódio da saga da Primeira Divisão Revolucionária.
    O que disse é verdade, se em São Paulo não tivesse eclodido o movimento e se os paulistas não tivessem segurado a investida legalista por nove meses, até a chegada da coluna Prestes ao Paraná, no sul, não teria havido levante.
    Parabéns.

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  2. "PRESTES ordenou, então a retirada geral da Coluna para Barracão, rumo ao norte, visando à travessia do rio Iguaçu. O objetivo era reunir-se aos rebeldes de São Paulo, pois o ataque a Rondon se tornara inviável.
    Na noite de 24 de março, quando rebeldes já haviam iniciado a retirada, as duas colunas inimigas que pretendiam esmagá-los, comandaras respectivamente por Claudino Nunes Pereira e Firmino Paim Filho, acabaram por se chocarem inadvertidamente, em um lugarejo denominado Maria Preta, em Santa Cararina. As duas tropas legalistas combateram entre si, na escuridão da noite, durante quase quatro horas. Só se perceberam do que ocorrera ao amanhecer do dia seguinte, quando a coluna Prestes já estava longe e os governistas haviam perdido duzentos homens. Este episódio tornou-se célebre, contribuindo para que os feitos da Coluna, atemorizando e confundindo os legalistas, começassem a virar lenda."
    Copiado de
    PRESTES, Anita Leocádia. Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro. SP, Boitempo, 2015

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