quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Reporter Luiz Veronese escreve materia sobre os monges que passaram na fronteira; "PARTE I"

Monge João Maria: o santo popular
que viveu na região da Tri Fronteira
Por Luiz Carlos Veroneze
Foto da gruta redescoberta em Dionisio Cerqueira.

Apesar de não receber o reconhecimento por parte de muitas autoridades, a região de Fronteira é privilegiada com uma cultura peculiar e marcada por acontecimentos históricos importantes.
Podemos citar as batalhas da Coluna Prestes que aconteceram nas comunidades de Maria Preta e Separação, interior de Dionísio Cerqueira, que em 1925 resultou em cerca de 200 mortos; a visita de Ernesto “Che” Guevara à uma residência na divisa entre Bernardo de Irigoyen e Barracão; ainda sobre o governador catarinense Adolpho Konder, que em 1929, realizou viagem histórica ao ponto final do Estado, encontrando-se com Getúlio Vargas, então governador do Rio Grande do Sul. Viajou em lombo de cavalo e foi o primeiro governador a chegar ao Oeste catarinense. Ao chegar a Dionísio Cerqueira, fundou uma escola, sediou um destacamento da Polícia Militar e nomeou um exator para a arrecadação de tributos.
Todos estes fatos acima já foram relatados em livros, sem muitos detalhes. Assim como não tem nada ainda que foi documentado sobre a forte influência da presença do santo Monge João Maria, que nas três pessoas que perpetuaram a sua lenda, deixaram características próprias para este território entre o Brasil e a Argentina.
Em 2012, serão comemorados os 100 anos da Revolta do Contestado, e até hoje, nas escolas se ensina muito pouco sobre que aqui na região de fronteira viveram os três monges, pois aqui também foram áreas de contestações entre os dois países. Mas afinal, quem foi o Monge João Maria e quais foram os líderes religiosos e espirituais que perpetuaram a sua lenda e seu movimento messiânico?
Antes de falar da vida dos “monges”, cabe dizer que os movimentos messiânicos são aqueles que se apegam a um messias, que passa a ser considerado “aquele que guia em direção à salvação”. Os “líderes messiânicos” conquistam prestígio dando conselhos, ajudando necessitados e curando doentes, sem nenhuma pretensão material. No Sul do Brasil, foram três “monges”, que a sua maneira, marcaram de forma profunda a vida das pessoas e contribuíram em novos rumos para a história.
João Maria D’Agostini
Fonte: Alexandre Karsburg.

O primeiro deles, o monge João Maria d’Agostini, era imigrante italiano, e residiu um tempo em Sorocaba (SP), mudando-se em seguida para o Rio Grande do Sul, onde viveu entre os anos de 1844 e 1848, nas cidades de Candelária e Santa Maria. Introduziu nessa região o culto a Santo Antão, que é considerado o “pai de todos os monges”, cuja festa continua até os dias atuais, comemorada em 17 de janeiro. A região do Campestre passou a ser chamada, desde então, de Campestre de Santo Antão. Sua prisão foi decretada em 1848, pelo General Francisco José d’Andréa (Barão de Caçapava), mediante o temor de levantes e concentrações populares que começavam a ser comuns naquela região, e o monge foi proibido de voltar ao Rio Grande do Sul. Decidiu então ir para a Argentina, passando por esta região de Fronteira em 1951, tendo se instalado por alguns dias, em uma gruta que existia onde hoje está a Linha Separação, interior de Dionísio Cerqueira. Com o passar dos anos, este local passou a ser ponto de contração de fieis, e com os anos foi esquecido. Recentemente, o local foi redescoberto em uma procura feita pelo pesquisador Cleiton Weizenmann, o padre Vanderlei Festner, o repórter Luiz Carlos Veroneze e o morador Almir Verona.
Este monge foi encontrado morto em uma gruta de pedra, nos Estados Unidos.   
João Maria de Jesus
Fonte: Internet.

O segundo monge, João Maria de Jesus, surgiu também misteriosamente, no Paraná e Santa Catarina, tendo vivido entre os anos de 1886 e 1908, havendo, na ocasião, uma identificação com o primeiro, de quem utilizava os mesmos métodos, com curas através de ervas, conselhos e águas de fontes. Acredita-se que seu verdadeiro nome seria Atanás Marcaf. Em 1897, diria: “Eu nasci no mar, criei-me em Buenos Aires, e faz onze anos que tive um sonho, percebendo nele claramente que devia caminhar pelo mundo durante quatorze anos, sem comer carne nas quartas-feiras, sextas-feiras e sábados, e sem pousar na casa de ninguém”. Há controvérsias sobre seu desaparecimento, segundo alguns historiadores por volta de 1900, e segundo outros por volta de 1907 ou 1908. A semelhança entre os dois primeiros monges é tão grande, que o povo os considerava um só. Em Campo Erê, em uma gruta do João Maria, encontra-se um retrato da época, considerado como sendo do santo, no qual consta a legenda “João Maria de Jesus, profeta com 188 anos”.
De acordo com Cleiton Weizenmann, as pessoas dizem que este monge também esteve na região, e causou bastante alvoroço. “Muitas pessoas usam a foto deste monge na carteira, como amuleto de proteção, pois ele despertou uma fé muito grande”, explicou Cleiton.
José Maria
Fonte internet.

O terceiro monge, José Maria, surgiu em 1911, em Campos Novos (SC), e foi segundo alguns historiadores, um ex-militar. Segundo um laudo da polícia de Vila de Palmas, no Paraná, seu verdadeiro nome era Miguel Lucena de Boaventura, e era um soldado desertor condenado por estupro. Dizia ser irmão do primeiro monge e adotou o nome de José Maria de Santo Agostinho. Ao contrário do isolamento de seus antecessores, organizava agrupamentos, fundando os “Quadros Santos”, acampamentos com vida própria, e os “Pares de França”, uma guarda especial formada por 24 homens que o acompanhavam. Este monge foi o líder de revoltosos na Guerra do Contestado, que em 2012 completará 100 anos.
Um dos fatos que lhe granjearam fama foi a presunção de ter ressuscitado uma jovem e também ter recobrado a saúde da esposa de um coronel, acometida de uma doença incurável. Com este episódio, o monge ganha ainda mais fama e credibilidade ao rejeitar terras e uma grande quantidade de ouro que o coronel, agradecido, lhe queria oferecer.
Cleiton destacou que este monge esteve na região de Fronteira, antes de ser líder da Guerra do Contestado. “Segundo contam, realizava cultos religiosos, em uma casinha de madeira, com um mastro de taquara ostentando uma bandeira estampada a imagem do Divino Espírito Santo. Por pedir dinheiro para realizar milagres, acabou sendo expulso do lugar, deixando a casinha de madeira com a bandeira do Divino, local que passou a atrair devotos do Monge João Maria. Com os anos, no local foi instalada a Igreja do Divino Espírito Santo, matriz da igreja católica de Dionísio Cerqueira”, contou o pesquisador.
Weizenmann ponderou que não existem provas concretas da passagem dos três monges pela região da Tri Fronteira, mas existem muitas histórias e relatos que dão conta da presença deles. “Foram três monges que na cabeça do povo foi um só. Eu conversei com alguns pesquisadores, o gaúcho Alexandre Karsburg e a pesquisadora de Chapecó, Maristela Ferrari, ambos com livros publicados sobre o assunto, que garantem a presença destes três monges na região e influenciando o messianismo na Tri Fronteira”, concluiu Cleiton Weizenmann.                          

Após escrever esta materia, ela teve grande repercursão a nivel regional, algumas pessoas procuraram o proprio Veronese no Jornal da Fronteira, dada o grande comentario e impacto que ela causou.

CONFIRA AMANHA A ENTREVEISTA CONCEDIDA POR UM ANCIÃO DE PALMA SOLA QUE PROCUROU O REPORTER PARA RELATAR SUA HISTORIA DE CURA COM O PROPRIO JOAO MARIA DE SANTO AGOSTINI.

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